quinta-feira, 6 de maio de 2010

Matthew Barney

Ao escolher um artista para me aprofundar para a visita a Inhotin, me surgiu uma grande dúvida, pelo grande número de obras que me interessei no site.
Porém um artista me interessou mais, a primeiro momento por ser casado com minha cantora preferida, Björk. Mas depois de pesquisar mais sobre suas obras descobri ser um grande artista plástico, fotógrafo e cineastra.

Sua obra em Inhotin, Lama Lamina , ja é magnífica por si só: Um trator suspendendo uma árvore no ar. E essa completamente ferida por armas e serras. Mostrando como a máquina está dominando a natureza numa relação quase brutal; e o ambiente construído faz com que a imagem seja refletida nas paredes, mas ao mesmo tempo se veja o exterior, dando a impressão que aquela luta está em todos lugares.
E a obra ganha ainda mais significado quando o artista diz que se refere a cultura africana, representando a luta de Ogum, orixá (espécie de deus da cultura africana) do ferro e da guerra, contra Ossanha, orixá da natureza. Daí observamos algo não visto em primeira análise. Por exemplo, como a imagem pode representar Ossanha sendo sufocado por Xogum, o suspendendo com apenas uma mão. E ao mesmo tempo vemos manchas de terra em Xogum, que talvez represente Ossanha tentando se defender do inimigo, o que é inútil, uma vez que o inimigo tem uma resistência e força muito maior.
Tal obra, além de nos fazer pensar sobre um tema ecológico muito importante ainda valoriza a cultura afro-brasileira, o que a torna ainda mais linda.



Edit (25 de maio):
Para conhecer mais do trabalho de Barney consegui, com muito custo, baixar um de seus filmes, Drawing Restraint 9.
O filme foi feito a partir de um estudo aprofundado por ele e sua mulher, Björk, sobre a cultura japonesa. Com o conhecimento de rituais e costumes Barney montou os cenários e pensou na história do filme, enquanto Björk trabalhou na trilha sonora, utilizando na maioria das músicas um instrumento típico japones, o Shō.
O filme se passa quase todo em um navio oriental, onde ocorrem duas hisórias separadas. A visita de dois ocidentais a (protagonizados pelo casal) e a tripulação do navio trabalhando em um objeto com uma forma bizarra.
Além de sua excelente beleza visual, com objetos e trajes muito bem trabalhados pelo artista, bom movimento de câmera e a bela fotografia; o primeiro ponto que me interessou é ver como a costumes japoneses muito antigos ainda sobrevivem ao meio de um Japão tão modernizado. Vemos isso ja na segunda cena, aonde ocorre um festival típico japonês para a saída de um navio moderno, em um ambiente maquinizado, cena que ocorre em paralelo com homens trabalhando em uma construção (talvez para mostrar o convívio da cultura e do progresso).
Também se mostra a delicadeza oriental, com movimentos leves e lentos, muito fácil de se observar na primeira cena, quando se mostra todo o processo de embrulho de um presente (muito mais complicado e sofisticado do que parece); e em uma cena que mostra o costume japonês de se tomar chá (algo com um ritual bem mais elaborado do que no nosso mundo).
Além de toda essa ênfase na cultura, também me interessou muito o filme não seguir muita lógica. Com a ausência quase total de diálogos, ações inexplicadas, e cenas quase absurdas, fica muitas idéias na cabeça de quem o assiste, que interpreta o que acontece a sua maneira.

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